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Sucesso feito à mão
por Tathyana Ricardi
por Tathyana Ricardi
03-12-08 - A estilista, designer, produtora e consultora de moda Priscila Olyver é apaixonada por moda, arte retro e música. Nessa entrevista ao Geléia Geral, conta como criou sua própria marca e dá dicas para os futuros profissionais.
GG - Como surgiu a marca CoisaS DaVovó?
Priscila - Tudo começou com um kit de montagem para bijoux que minha mãe me deu. Trabalhava há dois anos como free lancer e comecei a montar as peças só para me distrair, sabe, afastar o “tédio” quando estava sem projetos. De repente, comecei a criar peças com minhas próprias idéias. Quando tudo estava quase pronto, pensei em como faria para vender. Foi quando surgiu a possibilidade de fazer uma exposição de lançamento! Logo o nome da marca surgiu. Como misturava tricô e crochê, lembrei da minha querida avó. Era chamada de Vó Dada, por isso “CoisaS DaVovó”. Foi uma forma de homenageá-la por ter sido muito importante na minha vida e por fazer maravilhas de crochê.
GG - A marca CoisaS DaVovó está em editoriais de moda de revistas, como Marie Claire, e em sites especializados, como Moda Digital. Como foi estabelecer a marca no mercado? Você encontrou dificuldades?
Priscila - Minha marca ainda é muito nova. Graças a Deus as oportunidades apareceram. As dificuldades surgem a cada dia porque é difícil dar credibilidade a designers desconhecidos e que ainda estão conquistando seu espaço. Acredito que meu produto vai ao encontro das pessoas, a aceitação do público é muito boa. Prezo muito pela qualidade e exclusividade das peças e os clientes adoram o fator “exclusivo”.
GG - O que é preciso para lançar uma marca no mercado? Há espaço para os novos profissionais?
Priscila - Jamais desista! Ter medo é natural, faça com que isso te fortaleça. Pesquise muito, leia, aprenda outras habilidades. E tenha certeza que é realmente esse o caminho a seguir. “O sol brilha para todos”, inclusive para os novos profissionais.
GG - O que um aspirante a designer deve ter em mente para ser bem sucedido? Quais os primeiros passos?
Priscila - Um aspirante a designer, aliás para qualquer coisa na vida, jamais deve ser pessimista e preguiçoso. Esteja sempre ligado ao mundo. Meu conselho é ter uma experiência profissional não só em moda, porque para liderar e ser um bom empreendedor é necessário conhecer o processo e não ter medo de arriscar. Trabalhei em várias confecções e conheço todo processo interno de uma fábrica: criação, desenvolvimento, qualidade... Agora procuro por outros tipos de conhecimentos que muitos desprezam e não consideram significativos, como finanças, fluxo de caixa e outros.
GG - Quais os critérios utilizados para a escolha dos materiais nas confecções das peças?
Priscila - A marca já tem um estilo próprio, principalmente na utilização de tricô, crochê e retalhos. É uma coisa de Vó, mesmo, misturado ao universo retro. Apesar de sempre pesquisar e desenvolver peças novas, procuro não me prender muito às tendências. Por ser uma linha de acessórios, deixa minhas escolhas mais livres.
GG - Suas peças são delicadas e repletas de detalhes com pérolas, paetês, fitas e plumas. É isso que a mulher moderna precisa para não exagerar e nem perder a feminilidade no dia-a-dia do escritório?
Priscila - Acredito que a mulher nunca deve esquecer que “menos é sempre mais”. Apesar de serem repletas de detalhes, muitas mulheres que trabalham em escritórios usam essas peças para dar o toque que faltava na produção e quebrar um pouco a seriedade do terninho. É o acessório correto que muitas vezes faz toda diferença e cria um estilo próprio para o look de cada pessoa. Não precisamos ficar sempre presos às regras e conceitos. Atualmente, a moda nos deixa livres para criar e ousar.
GG – Falando em estilo próprio e regras. São essas bases que diferem a moda européia da moda brasileira?
Priscila - A moda européia tem atitude, não depende de modismo, cada designer tem estilo próprio. Uma pessoa consome aquela marca porque seu modo de agir e pensar se identifica com o estilo de vida que ela propõe. Quem usa tem estilo, atitude e ousadia. Diferente da moda brasileira, principalmente a popular, salve-se alguns trabalhos autorais. É difícil trabalhar em um país onde sempre se pensa no comercial primeiro. O Brasil podia aproveitar melhor o seu potencial e desenvolver trabalhos genuinamente brasileiros.
GG - O que você acha da inserção da moda sustentável nas marcas brasileiras?
Priscila - Eu acho ótimo e fico muito feliz com essa preocupação. Recentemente assisti a uma reportagem onde o Brasil está entre os três primeiros países que se preocupam com a sustentabilidade. Orgulho!
GG - Para você, quais os ícones da moda?
Priscila - Jackie Onassis e Katie Holmes. A primeira símbolo de luxo e simplicidade até hoje citada em editorias de moda como mais bem vestida, a segunda atualmente considerada uma das mulheres mais poderosas com seu estilo fashion urbano e andrógino.
GG - Qual estilista ou designer se destaca no mercado?
Priscila - Admiro muito Carolina Herrera, ela conseguiu ser uma mulher brilhante na alta costura. Isto porque, sendo mulher, entende perfeitamente nosso corpo. Conseguiu unir complexidade e elegância e transformar em simplicidade através de suas roupas. Ela faz com que a roupa seja a moldura e as mulheres a peça principal. A mulher é para ser admirada, por isso sempre trabalhou bem ombros e mangas para que os rostos das mulheres pudessem ser destaque admirável.